Ao navegar na internet, uma das coisas as quais esperamos é ter privacidade. No entanto, praticamente tudo o que fazemos online pode estar sendo monitorado por alguma entidade. Seja pelo seu provedor de internet, uma empresa interessada em direcionar publicidade, ou, em casos mais críticos, por entidades governamentais. Muitos se lembram da vigilância em sigilo feita pelo governo dos EUA e revelada por Edward Snowden alguns anos atrás.
Saber que todas as nossas atividades online estão sendo monitoradas pode causar calafrios até mesmo naqueles que não têm nada a dever. Isso sem mencionar os possíveis golpes virtuais e roubos de informações pessoais que são reportados pela mídia regularmente.
Pois é justamente no âmbito da privacidade e da segurança virtual que atua uma VPN.
Mas afinal, o que é VPN? Neste artigo, vou explicar o que significa VPN e para que serve. Veremos também em quais situações é recomendado o uso dessa tecnologia.
O que é VPN?
De maneira resumida, VPN é um sistema que acrescenta uma camada de segurança extra na troca de dados através da internet. A sigla vem do inglês, Virtual Private Network, cuja tradução seria Rede Privada Virtual. Na prática, uma VPN criptografa todo o tráfego de internet que está passando por ela e oculta o endereço de IP, impedindo assim que a localização do usuário e a origem das requisições sejam descobertas.
Essa camada extra de proteção é particularmente interessante em algumas situações específicas, como contornar restrições de conteúdo, navegar anonimamente, evitar que dados pessoais sejam interceptados, entre outras. Veremos essas questões em mais detalhes um pouco adiante neste artigo.
Para que serve uma VPN?
Em seu uso básico, uma VPN serve para aumentar a sua privacidade e segurança online. Ao se conectar à internet na sua casa ou no trabalho, o provedor de internet e/ou administrador da rede conseguem identificar os sites e aplicativos que você está acessando ao navegar. Com uma VPN isso se torna impossível.
Uma VPN também permite evitar determinadas censuras de conteúdo, especialmente aquelas baseadas em geolocalização. Essa funcionalidade pode ter várias aplicações. É possível, por exemplo, liberar conteúdos que estão restritos a determinadas regiões. Um exemplo clássico é o catálogo de filmes da Netflix que está disponível somente para os Estados Unidos. Outro exemplo são os países que restringem acesso a conteúdos, como a China, que não permite acesso ao Google. Uma VPN pode contornar esse bloqueio, uma vez que a origem e o destino da requisição não podem ser identificados.
A VPN também protege a segurança das informações trocadas entre os usuários e sites que não usam HTTPS. O protocolo HTTPS exige a presença de um certificado SSL no servidor de hospedagem e oferece criptografia na troca de informações entre seus usuários, mas somente dentro do domínio em questão. Sem a utilização de uma VPN, o conteúdo enviado e recebido de sites que usam o protocolo HTTP (sem criptografia) pode ser interceptado por hackers ou criminosos virtuais.
No caso do uso de aplicativos, é ainda mais difícil saber se os apps baixados em lojas de aplicativos como a Play Store ou a App Store, da Apple utilizam criptografia. Nesse caso, ao usar uma VPN no celular, tem-se a tranquilidade de saber que nenhum dado será interceptado durante o uso de apps.
Essa mesma lógica se aplica a pontos de wifi públicos, como os usados em aeroportos, hotéis, shoppings e cafés. Com uma VPN, mesmo que a rede seja insegura, seus dados e tráfego serão indecifráveis para eventuais criminosos ou administradores de rede.
Em serviços de wifi públicos, outra ameaça é a instalação de malwares ou apps indesejados em seus dispositivos. O uso de uma VPN também protege seus usuários contra esse tipo de prática.
Resumindo os pontos acima, podemos dizer que uma VPN serve para:
- Aumentar a sua privacidade e segurança online;
- Evitar determinadas censuras de conteúdo, especialmente aquelas baseadas em geolocalização;
- Proteger a segurança das informações trocadas entre os usuários e sites que não usam HTTPS;
- Assegurar que nenhum dado será interceptado durante a instalação e o uso de apps no celular;
- Oferecer segurança na utilização de wifi público e impedir a instalação de malwares ou apps indesejados em seus dispositivos.
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Como funciona uma VPN?
O funcionamento de uma VPN pode variar de acordo com algumas condições e configurações, geralmente relacionadas ao tipo de uso. Vou tentar explicar aqui como funciona uma VPN usada para fins pessoais e profissionais, como as que você pode contratar e configurar facilmente através de um dos diversos provedores deste serviço no mercado.
Ao habilitar uma VPN em seu dispositivo, um canal de comunicação criptografado se faz entre o seu dispositivo e o servidor que hospeda a VPN. Dessa forma, a VPN funciona como um intermediário entre as requisições do usuário e o destino final do tráfego. O destino final seria um site ou aplicativo qualquer acessado pelo usuário. Nesse caso, todo o tráfego, mesmo aquele que sai do seu computador em direção à VPN, é criptografado e não pode ser decodificado por terceiros.
Ao chegar no servidor de destino, o pacote de informações é decodificado, isto é, descriptografado, para que a outra ponta entenda a comunicação e responda com as informações solicitadas. Como sabemos, a navegação na internet funciona como uma via de mão dupla, recebendo requisições e enviando respostas. É importante ressaltar que, mesmo com este processo de decodificação ocorrendo, os sites e aplicativos que estão sendo acessados não conseguem identificar a origem real das requisições (como por exemplo, a localização do usuário). Para eles, as requisições partem do servidor de VPN utilizado pelo usuário.
Para que esse processo ocorra, é necessário que o provedor da VPN configure seus servidores com o objetivo de criptografar e redirecionar o tráfego de seus utilizadores para o destino desejado. Isso é feito através do uso de um protocolo de criptografia específico para esse fim. Um dos protocolos mais utilizados é o OpenVPN. Esse protocolo oferece um equilíbrio interessante entre velocidade e segurança. Existem outros protocolos disponíveis no mercado e é comum que um mesmo fornecedor de VPN disponibilize mais de uma opção para seus clientes.
Para tentar ilustrar o funcionamento de uma VPN, veja a imagem abaixo.
Partindo do princípio que uma VPN tem um papel intermediário entre o usuário e o destino de suas requisições, podemos afirmar que a localização do servidor, o tipo de criptografia usada e a largura de banda disponível no provedor de VPN podem afetar a velocidade de navegação do usuário. Por isso, é interessante levar em consideração esse aspecto ao escolher um serviço de VPN.
Basicamente, o uso da VPN na prática requer duas coisas: o acesso ao serviço (assinatura) e a instalação de um programa ou app no seu dispositivo. A maior parte dos provedores de VPN oferece a instalação de programas de configuração simples em computadores, smartphones e tablets.
Também é possível configurar a VPN diretamente no roteador, no entanto, essa ação requer um pouco mais de trabalho e pode não ser tão simples para o público leigo. A vantagem de se usar a VPN no roteador é que a proteção passa a valer para qualquer dispositivo conectado à rede local.
Em que situações devo usar uma VPN?
Uma VPN pode ser usada por qualquer pessoa que queira ter mais privacidade e proteger seu tráfego na internet. Para citar alguns exemplos práticos, uma VPN pode ser muito útil para quem deseja:
- Criptografar e ocultar seu tráfego de internet em redes públicas (ex.: aeroportos e wifi públicos) e/ou privadas (ex.: sua casa ou seu trabalho);
- Acessar sites e serviços bloqueados na escola, no trabalho ou em determinados países;
- Ocultar sua navegação de seu provedor de internet;
- Evitar a exibição de anúncios direcionados para você de acordo com o seu perfil de navegação (a saber: apenas alguns serviços de VPN oferecem esse recurso);
- Fazer compras online com mais segurança, especialmente em redes públicas;
- Proteger sua identidade em determinados sites, como por exemplo redes sociais;
- Contornar restrições de largura de banda impostas por determinados provedores.
Apesar dos pontos levantados acima, é importante ter em mente que uma VPN não é a “bala de prata” do anonimato. Existem situações nas quais mesmo usando uma VPN é possível identificar seu usuário e seu comportamento na internet. Por exemplo, se você estiver logado com a sua conta Gmail, a Google consegue registrar suas ações independentemente do uso da VPN. O mesmo vale para as redes sociais. Se você se logar com o seu usuário, qualquer ação ou interação na rede social em questão fica vinculada ao seu usuário.
Tipos de VPN
Antes de falar sobre os tipos de VPN, devo mencionar que existem serviços gratuitos e pagos e que há uma grande diferença entre ambos. As VPNs gratuitas, de maneira geral, podem ser menos seguras do que as VPNs pagas. A explicação para isso é simples: como sua receita não provém de assinaturas, elas precisam encontrar outras formas de monetizar seu serviço. Algumas VPNs gratuitas podem ser arriscadas, inclusive, pois podem usar seus dados pessoais e hábitos de navegação como moeda de troca, expondo seus usuários. Isso gera o efeito oposto do que se deseja nesse tipo de serviço, não é mesmo? Por esse motivo, não recomendo a utilização de nenhum tipo de VPN gratuita.
À parte da questão do custo do serviço, existem variados tipos de VPN. A saber:
VPN pessoal
Uma VPN pessoal conecta o dispositivo do usuário ao provedor do serviço, usando uma conexão criptografada, e a partir daí o usuário pode navegar normalmente na internet usando uma conexão segura e privativa. Esse é o tipo de VPN mais usado no mundo e é oferecida a custos acessíveis para o público em geral.
VPN de acesso remoto
Uma VPN de acesso remoto permite acessar determinada rede fechada, como por exemplo a rede de uma empresa, usando a segurança da criptografia. Esse tipo de VPN é amplamente usado por empresas que desejam armazenar informações sigilosas em uma rede local, mas ainda assim fornecer acesso externo (remoto) para usuários que estão distantes fisicamente da sede da empresa.
VPN site a site
Uma VPN site a site funciona de forma similar à VPN de acesso remoto. No entanto, a principal diferença é que ela permite conectar redes distintas e distantes fisicamente uma da outra com segurança na troca de informações. Essa é a opção geralmente escolhida por grandes empresas que desejam compartilhar redes locais existentes em escritórios espalhados por regiões diversas, mesmo em países diferentes.
VPN e anonimato na internet
Usar uma VPN pode aumentar em muito a segurança da sua navegação e proteger seu tráfego de dados de diversas formas. No entanto, é importante saber que o uso de uma VPN não te deixa completamente anônimo na internet.
Como vimos ao longo do artigo, apesar da conexão em uma VPN ser criptografada e ter sua origem mascarada, existem outras formas de identificar e localizar determinadas informações.
O próprio provedor do serviço de VPN, caso não seja idôneo, pode rastrear e armazenar informações pessoais e hábitos de navegação de seus usuários. Ter isso em mente é muito importante ao escolher um serviço de VPN. De maneira geral, não utilize VPNs gratuitas. Quanto às pagas, pesquise sobre a reputação da empresa, política de privacidade, e sobre a satisfação de seus usuários antes de contratar o serviço.
Espero ter te ajudado a entender o que é VPN e para que serve esta tecnologia de segurança. Caso tenha dúvidas sobre o assunto, deixe um comentário e farei o possível para ajudar.
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